Até que ponto condicionamos a nossa relaçao com os pares em busca da nossa realização pessoal? Qual o preço a pagar pela ânsia de alcançar todas as aspirações de uma vida? Tempo é dinheiro ou pelo contráro dinheiro é o tempo?
Actualmente, vivemos numa sociedade que pulsa por sede de poder: o dinheiro parece comandar tudo no palco existencial. Por um lado, muitos não sonham, não dão a si mesmos a oportunidade de fazer ou de realizar algo realmente importante nas suas vidas mesmo sendo isso passar um dia com os filhos, amigos, namorado ou maridoou, ainda, uma pausa de todo o frenesim que é a vida presentemente. Por outro lado, outros vivem alheados numa sociedade verdadeiramente individualista e egocêntrica que quase acredito que o tempo é dinheiro: aquele dinheiro “certo” ao fim de cada mês de árduo trabalho, aquele tempo dispendido no emprego em função de uma vida mais desafogada.
Por vezes, considero-me um poço de utopias. Contudo, no meio desse enredo tão utópico encontra-se a crença de que, talvez, o melhor “dinheiro” seja o tempo de vida que possuímos para alcançar os nossos sonhos e desejos mais intrinsecos, o tempo para abraçar a vida na sua plenitude: aquele tempo de viver,ser, querer, sonhar e alcançar.
Enquanto crianças e adolescentes, o dinheiro é tempo, na medida em que, neste período desenvolvimental, procuramos alcançar minutos “extra” para estar com os paresfomentando a nossa relação com o outro na sociedade. Não há a preocupação com o dinheiro material, somente com o dinheiro dos laços e da necessidade de sonhar e acreditar.
Porém, alcançandoo limiar da idade adulta, tudo na nossa existência começa a rodar em torno do lema “Tempo é dinheiro”. Não nos damos conta de que a sociedade nos aprisiona numa redoma dando-nos o dever de velar pela vida dos mais velhos e mais novos que nós através de um emprego e de entrega total ao mesmo.
Quando já vivemos todas estas etapas da vida, passaremos os dias a pensar naquilo que relamente valeu a pena e que, afinal,dinheiro foi todo o tempo em que agimos de acordo com os nossos objectivos de uma forma livre mas controlada. Passaremos, então, a concordar que devemos aproveitar cada momento de vida ao máximo e chegaremos à conclusão que quando tinhamos toda a liberdade, isto é, na adultez vivemos amordaçados na sociedade desperdiçando tempo e vontade.