segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Desenvolvimento moral refere-se ao modo como as pessoas pensam sobre as normas e princípios que devem reger a conduta interpessoal (i.e., pensamento moral) e ao modo como os cumprem e põem em prática (i.e., acção moral). Implica a aquisição de regras e princípios que são resultantes das normas provenientes do exterior e que são fundamentais à nossa convivência.
Toda a sociedade funciona segundo normas e regras que visam ao entendimento moral. A moralidade entre cidadãos é o que permite que uma sociedade, composta por indivíduos tão diferentes, funcione de modo uníssono. Contudo, a aquisição da moralidade requer muito esforço cognitivo, para que o indivíduo seja capaz de controlar “impulsos menos morais”. Entre os psicólogos, a importância deste conceito a nível cognitivo é essencial, já que para muitos indivíduos se torna difícil distinguir entre o moral e o imoral.  Cada indivíduo tem uma concepção de moralidade que, por sua vez, se rege segundo à concepção literária de moralidade.
Para KOHLBERG (1984), a essência da moralidade reside mais no sentido de justiça do que, propriamente, no respeito pelas normas sociais, ou mesmo morais. Portanto, a moralidade tem mais a ver com considerações de igualdade, de equidade, de contratos sociais e de reciprocidade nas relações humanas, e menos a ver com o cumprimento ou violação de normas sociais, ou até morais.
A verdadeira consciência moral autónoma deve ser construída através de interacções nas quais prevaleçam o respeito mútuo e a cooperação, e nas quais a afectividade seja vista como um dos factores responsáveis pela mobilização das acções a um nível pessoal e inter-pessoal. Como diria o próprio Piaget (1962, p.3), " não há actos de inteligência, mesmo de inteligência prática, sem interesse no ponto de partida e regulação afectiva durante todo o processo de uma acção, sem prazer do sucesso ou tristeza no caso do fracasso". Deste modo, os círculos de aprendizagem de tais normas e princípios vão mudando ao longo do desenvolvimento da criança. As primeiras lições de comportamento social são ensinadas no contexto familiar, como: não empurres o teu irmão mais novo, come com o garfo e não com as mãos…
Com a entrada na escola, e a inserção em grupos de pares a nível escolar e de amizade, torna-se muito importante a aprovação destes, deixando para segundo plano a aprovação dos pais e familiares, sendo mais notória esta mudança nos adolescentes.
A entrada em círculos sociais mais diversificados faz com que o conjunto de regras e punições impostas em contexto familiar, escolar e socio-político, aumente. Assim sendo, será importante salientar que “A educação moral não é encher a pessoa de conhecimentos que não tinha, mas promover-lhe o raciocínio moral” (KOHLBERG, 1980, p.26)

Bibliografia: 
·        * Orlando M. Lourenço, "Psicologia de Desenvolvimento Moral Teorias, dados e implicações" (2ª Edição); Livraria Almedina Coimbra 1998
·        * Maria Isolina Pinto Borges, "Introdução à Psicologia do Desenvolvimento "Edições Jornal de Psicologia, 1987
* GLEITMAN, Henry, FRIDLUND, Alan J., REISBERG, Daniel, “Psicologia”, 8ª edição, p. 816 e 817, Fundação Calouste Gulbenkian

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