Segundo o desenvolvimento cognitivo, proposto por Jean Piaget, o factor fundamental do desenvolvimento é a equilibração entre os organismo (sujeito) com o meio onde este se insere. Esta equilibração verifica-se com mais clareza na fase da adolescência quando o jovem adolescente começa a desenvolver capacidades para raciocionar sobre muitas hipóteses (e para as testar) e capacidade de pensar sobre o próprio pensamento (metacognição).
O movimento de “geração à rasca” é um exemplo que demonstra precisamente este desenvolvimento.
A inserção em grupos e consequente vinculação que fazemos com outros, que tomamos por “iguais” a nós, é essencial para descobrirmos quem na realidade somos, o que queremos e por que objectivos lutamos.
Acerca do texto que anda a circular sobre esta geração, temos algumas opiniões que gostaríamos de partilhar:
“Eu não me considero pertencente à “geração à rasca”, ou melhor, não me considero DE TODO pertencente à geração que é descrita no texto que anda a circular pela net, isto por um motivo muito simples: estou totalmente ciente das dificuldades que os meus pais passaram e actualmente passam. Sim, tenho um portátil, um carro (em 3ª mão, se é que possível) e pais que me pagam propinas e quarto mas não deixei de procurar emprego para os ajudar a pagar as contas, o dinheiro que gasto é para comida (exclusivamente para comida) e não vou comer fora, sair fora ou comprar roupa à bastante tempo. Sou pertencente de uma geração que tem tudo (porque a evolução assim o permitiu) mas que também luta por ter e dar mais! Uma sugestão: em vez de adiarem a reforma, recrutem académicos fresquinhos…”
“Estes jovens, vivem numa época em que os seus pais lhes proporcionaram sempre tudo de bom, nunca disseram não aos seus caprichos, nunca os ensinaram a lidar com vida fora de casa, esconderam-lhes sempre as dificuldades do quão difícil é auto sustentar-se.
Contudo, os jovens de hoje, lutam com grandes dificuldades para obterem trabalho, ou porque têm habilitações a mais ou então tem idade a menos.
São a geração com o maior nível de formação na história do país mas será que é preciso saber “ouvi-los e percebê-los” para entender que futuro está bastante comprometido?
Os jovens são o futuro da manhã há que lutar, há que ter esperança!”
"Novos e velhos, todos estamos à rasca." Uma realidade à qual não podemos fechar os olhos.
Os nossos pais estão à rasca porque sempre nos quiseram dar o que não foi acessível a todos, porque sejamos realistas, todos os pais sonham com os filhos com um curso superior e que não passe as dificuldades que eles tiveram que passar e o que acontece é que quando pensavam que os filhos iriam ter um emprego em que ganhavam o dinheiro deles para ter a vida deles tal não acontece. Os filhos ficam cada vez até mais tarde em casa dos pais porque não têm trabalho nem forma de se sustentar e os pais gastam mais e mais do que têm e não têm para manter os filhos em casa e com boas condições de vida.
A geração dos novos está à rasca porque sempre viveu com o que quis e seguiu os seus sonhos e os dos pais e foi para a universidade tentando se instruir da melhor forma possível para ter um emprego no fim com que se possa sentir realizado pessoalmente e onde possa ganhar dinheiro e estabilidade económica para que possa dar aos seus filhos mais e melhor. Tal não acontece, os jovens acabam os seus cursos e vão para o desemprego ou não acabam os cursos por não ter forma de pagar as propinas que lhes são exigidas. Falando por mim, não sei se conseguirei acabar o curso ou não porque se ficar sem bolsa de estudos não conseguirei pagar as propinas e as ofertas de trabalho são escassas, e como eu muitos outros estão na mesma situação mas a culpa não é nossa nem dos nossos pais. A culpa é da situação que actualmente se vive, que os nossos pais não previram e nós não sabemos como alterar…."
Posto isto, qual é a tua opinião acerca do texto e da“ geração à rasca”? (http://osocratico.blogspot.com/2011/03/um-texto-brlhante-de-mia-couto.html)
Olá,
ResponderEliminarSei que a análise do texto "Geração à rasca" era difícil, facilmente se situando ao nível do senso comum e das opiniões pessoais. Uma reflexão mediada por algum enquadramento teórico era o que se pretendia. Tentaram fazê-lo no início, articulando com a teoria de Piaget mas de uma forma muito superficial e muito pouco clara.
Têm de perceber que quando se pede um comentário crítico não é suposto que este se baseie quase exclusivamente na experiência pessoal. Algum distanciamento, precisa-se.
Entretanto, verifico que o blog tem estado muito pouco activo, limitando-se nos últimos tempos a responder ao desafio "Geração à rasca". Seria bom que o "animassem" mais frequentemente.
Até breve,
GP